(Artigo publicado na Home Page internacional da Sri Chaitanya Saraswat Math sob título de “Hollow Men”)
“Os verdadeiros seguidores de Rupa Goswami jamais ignoram a qualificação da pessoa (adhikara). Um discípulo infestado com anartha é desqualificado, e nunca deveria receber rasa-shiksa (instrução detalhada a respeito de rasa)." ––Do livro, “Cem Falhas do Sahajiyaismo" por Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakur
A verdade se encontra nos detalhes – nas sutilezas. A Verdade Absoluta é realizada dentro de seu ambiente. Pelos cantos de seus olhos de lótus, sua mirada é dirigida à Sua potência (radhikadi gane heri' nayanera kone). Não deveríamos subestimar o Infinito, pois em toda parte existe o Centro, e em nenhum lugar a circunferência.
Sri Guru é a asraya vigraha, aquela personalidade em quem devemos buscar o abrigo para obtermos uma conexão substancial com a Realidade e adentrar o Domínio do Serviço Divino. Mahaprabhu alertou Seu parshad bhakta (associado eterno) Jagadananda Pandit a que não se misturasse com o pessoal de Vrindavan mas que ficasse em segurança sob o abrigo de Sanatan Goswami Prabhu (dure rahi’ bhakti kariha sange na rahibo). O prayojana tattva acharya, Raghunath Das Goswami também aceitou Sanatan Goswami como seu abrigo (sanatanas tam prabhum asrayami) e declarou qual é nossa aspiração e destino final: Radha Dasyam, conforme realizou sob o abrigo dos pés de lótus de Sri Rupa e seguidores (ashabarair amrta sindhu mayi kathancit, radhika-madhavasam). Sanatan Goswami, ainda que reverenciado por Rupa como guru, considerava a si mesmo um rupanuga, um seguidor de Sri Rupa, o líder de todos os servos dos servos (mañjaris) no santuário mais íntimo da Realidade Espiritual (tat priya rupatah).
O mundo espiritual não é um plano da imaginação, assim, não é uma questão do que você sabe ou é capaz de imaginar, mas a quem você conhece, a quem você serve e em que humor (tad-bhava-lipsuna karya vraja-lokanusaratah). Sri Guru é a agência que converte nossa energia de serviço em moeda espiritual — em substância Divina.
Como um "jovem" passeando desacompanhado pela Vrindavan contemporânea (a terra da doçura), acabei exposto a algumas verdades amargas. Certa vez, quando passava pelo Radha Vallabha Mandir, fui atraído pela beleza da Deidade, pelas doces melodias e pelo humor aparentemente devocional dos Radha Ballavis. Era noite, e faziam uma serenata para as Deidades antes de dormir e realizaram um arati breve. Em seguida, um dos mais velhos me convidou a vir participar do mangal arati na manhã seguinte. Expressei minha esperança de que o arati seria mais longo que o que tinha acabado de presenciar. Ele ficou indignado, "Nós não perturbamos nossos deuses com arati!" Eu fiquei pasmo; algo soava errado. Ele condescendeu a me permitir acesso a um segredo esotérico. "Você precisa compreender a posição única dos Brijabasis: Nós não adoramos Krishna, nós apenas temos amor –amor puro– por Krishna."
Refletindo, lembrei ter ouvido Srila Prabhupada citar Mahaprabhu, "Eu não possuo sequer uma gota de amor por Krishna pois, se tivesse, Eu teria morrido há muito tempo (na prema-gandho ’sti darapi me harau)." Quando mencionei esse verso, ele ficou agitado: "Mahaprabhu? Esse é o estágio inicial!" Repentinamente, lamentei ter ouvidos, mente e intelecto para processar o que tinha ouvido.
"Se uma pessoa diz que alcançou esse padrão e que não há mais nada a realizar adiante, oferecemos-lhe nossas reverências de longe. Não somos adoradores disso. Se alguém pensa que chegou ao fim, que alcançou a perfeição –nós odiamos isso! Até mesmo um acharya deveria considerar a si mesmo um estudante e não um professor perfeito e que conhece tudo. A pessoa deveria sempre considerar a si mesmo como um estudante autêntico. Viemos para realizar o Infinito e não algo finito. Assim, essa luta entre o conhecimento finito e infinito continuará sempre.
"Deveríamos pensar que, 'O que eu entendi é absoluto'? Não! Nós não chegamos ao fim do conhecimento. Ainda assim, devemos saber. O próprio Brahma diz, 'Eu estou completamente enganado por Seu poder, Mestre. Eu me encontro perdido.'Toda pessoa que entrou em contato com o Infinito não pode deixar de dizer isto: 'Eu sou nada'. Esse deveria ser o ponto enfatizado.
"O proponente da maior escritura do Gaudiya Vaishnavismo, Krishnadas Kaviraja Goswami diz: purisera kita haite muñi sei laghistha, 'Eu sou mais baixo que um verme no excremento'. Essa é a sua declaração e ele está dizendo isso com tamanha sinceridade. Será que deveríamos ter vergonha de expressar nosso caráter negativo, nosso desenvolvimento negativo, que formam a verdadeira riqueza para um discípulo? Tal caráter negativo é mostrado por ele ao ponto em que caímos a seus pés. Mas se alguém diz: 'Eu conclui todo o conhecimento; Deus, Chaitanya, é meu discípulo', essa pessoa deve ser derrubada como o maior dos inimigos jamais visto no mundo!" — Srila Sridhar Maharaj
Qual é a minha capacidade e qualificação? Nenhuma: zero e menos que zero. Portanto, eu me submeto às diretrizes e limites de Srila Sridhar Maharaj e de seu Swarup Damodar, Srila Bhakti Sundar Govinda Dev Goswami. Nos dias em que ele viveu neste mundo, a mera discussão de rasa siksha, bhavollasa rati, mañjari bhava, em seu nome, por um iniciado, e este teria sido obrigado a devolver a japa mala, perderia o nome de iniciação e seria proibido de entrar no terreno do Sri Chaitanya Saraswat Math. Se fosse um sannyasi, seu sannyas teria sido revogado.
Este é um lado de Srila Sridhar Maharaj que os de fora e turistas espirituais desconhecem. Mas o Vaishnava, ainda que suave como uma flor, é forte como um raio (puspa-sama komala, kathina vajra-maya). Não é de surpreender que isso seja suprimido ou ignorado pelos oportunistas. Para intensificar a sua posição, eles falsificam, filtram e constroem um Sridhar Maharaj de sua imaginação para consumo de seus seguidores mal informados.
Alguém diz, como se fosse um fato consumado que: "isto é conhecido como mañjari bhava." A pergunta realmente importante é: "Conhecido por quem?" Aqueles que são qualificados não discutem essas coisas. Aqueles que discutem essas coisas, consequentemente, não são qualificados. Srila Saraswati Thakur condena tal discussão (Prakrta Rasa Shatadushini: "Cem Falhas do Sahajiyaismo"):
adhikara avichara rupanuga kore na
anartha-anvita dase rasa-siksa deya na
"Os verdadeiros seguidores de Rupa Goswami jamais ignoram a qualificação (adhikara). Um discípulo infestado com anartha é desqualificado, e nunca deveria receber rasa-siksa (instrução detalhada a respeito de rasa)."
Segundo Srila Sridhar Maharaj, um Vaishnava jamais se considerará livre de anartha.
Quanto àqueles que desejam passar por cima das proibições de Srila Sridhar Maharaj, invocando os nomes de outros Irmãos Espirituais, ou do próprio Saraswati Thakur, por favor, considerem cuidadosamente o seguinte:
"Eu sou mais estrito que os outros Irmãos Espirituais. Eu não exibo qualquer Jhulan Yatra (Radha e Krishna brincando num balanço) ou Ratha Yatra no templo. Mas tantos templos fazem isso.
"Nosso Guru Maharaj (Bhaktisiddhanta Saraswati Thakur) no Kartikmas (no mês de Damodar, o mês de Radharani), enquanto ficava no Radha Kunda e em Vrindavan, cantava o asta kaliya lila (os oito passatempos diários de Radha e Krishna) composto por Bhaktivinod Thakur, mas eu não faço isso.
"Ao invés disso, eu canto a canção de Bhaktivinod Thakur Sri Krishner Vimshottara-Shata-Nama (120 Nomes de Krishna), Sriman Mahaprabhur Shata-Nama (100 Nomes de Mahaprabhu) e também os oito slokas de Mahaprabhu (o Shikshastakam de Bhaktivinod Thakur), o Damodar Astak e o Radhe Jaya Jaya Madhava Dayite de Rupa Goswami. "Eu me mantenho estritamente confinado no nível inferior, até mesmo daquilo que meu Guru Maharaj deu… (ele permitiu algo que é) um pouquinho superior. Eu sou muito estrito a respeito disso (de não seguir o que ele permitiu)." — Srila Sridhar Maharaj
Srila Sridhar Maharaj tem um humor particular de devoção. Alguém poderia citar Srila Prabhupada encorajando os devotos, com objetivos de pregação, a indulgir no que foi mencionado acima. Isso está bem para eles, mas não para Sridhar Maharaj e seus seguidores. Você não pode fazer essas coisas e ao mesmo tempo falar em seu nome. Ele tem um humor particular de devoção. Em seu Math, Sri Chaitanya Saraswat Math, Srimati Radharani (Gandharva), oferece uma guirlanda a Krishna (Govindasundar). Ela não está portando uma guirlanda. Certa vez, quando lhe perguntaram a razão disso, Srila Guru Maharaj respondeu: "Quem pode pôr uma guirlanda em Radharani!" Esse é seu humor particular de devoção (bhava). Ele é um seguidor cem por cento fanático de Srimati Radharani (rupanuga).
Além disso, ele se opôs a que o Ratha Yatra fosse realizado em Nabadwip por isso ser contrário à corrente do Dham, dizendo: "Não é uma questão de ser um espetáculo para mostrar ao público …. Gaurasundar tem Sua nitya-lila. E será que eu criarei outra corrente em contra dessa corrente –em oposição a ela– em colisão? Isso não é desejável."
A reação das Gopis ao se enganarem vendo a carruagem de Uddhava (ratha) como se esta anunciasse o retorno de Akrura encontra-se registrado no Bhagavatam: "Ele já despedaçou nossos corações ao levar Krishna embora. Será que voltou para coletar nossas carnes e oferecer oblações fúnebres para seu mestre em Mathura?"
Elas não estão reagindo com excesso de emoção? Afinal, não é Akrura, mas é Uddhava. O paralelo (que faço é que as pessoas dizem que): "É apenas uma carruagem ratha, etc. É para a pregação." Srila Sridhar Maharaj estará reagindo com excesso ou oferecendo um vislumbre no verdadeiro gopi bhava. Esta seção do Bhagavatam aparece no umbral do Bhramara Gita (Canção do Abelhão –A Histeria Divina de Radharani)– que é o domínio conceitual de Srila Sridhar Maharaj. É compreensível que o sukrti (sumedhasah) necessário para apreciar esses sentimentos e aproximar-se reverente desse umbral exceda o de um neófito. É absurdo que um diretor de funerária queira argumentar com o gopi bhava de Srila Sridhar Maharaj e é uma ofensa aos pés de lótus de Rupa Goswami.
Srila Saraswati Thakur disse a respeito de Srila Sridhar Maharaj: "Bhaktivinod Thakur fala através dele. Quando eu deixar este mundo, ao menos permanecerá um homem que pode representar-me plenamente." Ele chamou Srila Sridhar Maharaj a seu leito de morte, antes de sua partida deste mundo e seu ingresso nos passatempos eternos de Ghandarvika Giridhari (daso yo radhikaya atisaya-dayito nitya lila pravisto).
Assim como Mahaprabhu pediu a Rupa Goswami que lesse seus slokas diante de Seus parshad bhaktas, para que pudessem compreender que Ele o estava escolhendo como Seu representante, Srila Saraswati Thakur pediu que Srila Sridhar Maharaj cantasse Sri Rupa Mañjari Pada, o hino da Rupanuga Sampradaya (rupe milaila sabaya krpa ta' kariya). Igual a Rupa Goswami, Srila Sridhar Maharaj era tímido –e recuou. Kuñja Babu, o gerente da Gaudiya Math, pediu que outro devoto, conhecido como um kirtaniya cantasse. Ele começou, mas foi repentinamente interrompido por Srila Saraswati Thakur: "Eu não estou interessado em ouvir uma doce melodia." Esse devoto era Srila Bhakti Promode Puri Maharaj, quem, humildemente, descreveu o evento: "Então, nós testemunhamos a transmissão de poder místico da Rupanuga Sampradaya de Prabhupada Saraswati Thakur para Srila Sridhar Maharaj. Quando ele começou a cantar, ele teve ingresso no grupo de Rupa Mañjari."
Certa vez, quando Srila Sridhar Maharaj indiretamente reconheceu estes eventos, ele revelou: "Eles dizem que eu fui admitido por Prabhupada Saraswati Thakur, mas eu prefiro pensar que fui deixado como o guardião do portal." Nós perdemos o fôlego, nos curvamos adiante atônitos e fascinados. Srila Guru Maharaj continuou dramaticamente: "E eu não estou permitindo que todos e qualquer um entrem!" Até o presente, a única pessoa que sabemos com certeza que foi admitido é Srila Bhakti Sundar Govinda Dev Goswami Maharaj, o Presidente Sevaite e Acharya do Sri Chaitanya Saraswat Math.
Tal como um parente ou guardião, quando necessário, explica os relacionamentos íntimos entre adultos em linguagem de difícil compreensão, eles declaram inequivocamente as proibições que garantem a segurança. Quando Srila Saraswati Thakur descreve algo mais íntimo, sua linguagem torna-se quase inacessível, exigindo total atenção e sobriedade para se poder compreender. Suas proibições são, por contraste, unidirecionais e sucintas. Em seu "Prakrta Rasa Shatadushini" (Sobre a instrução ilegal de rasa siksha por assim-chamados rasika Vaishnava gurus a seus discípulos), ele expressa sem dúvidas: "bole na", "habe na", "gaya na", "labhe na", "jane na", "mane na", "haya na", "thake na", "paya na". Nunca diga , nunca faça, nunca pense, nunca obtenha, nunca alcance, nunca ensine, –nunca, nunca, nunca. Qual é a parte dos "nuncas" que as pessoas não compreendem? No presente, o coração é como o ferro na fundição (kaman arhate vid-bhujam). Ao ser infundido com o brilho ígneo da fé, pela associação purificante dos Vaishnavas, e sua misericordiosa martelada “siddhántica”, gradualmente começa a tomar forma.
Em 1983, quando a lua cheia de Gaura Purnima se elevou sobre Nabadwip Dham, no Sri Chaitanya Saraswat Math, apresentei o livro, "A Busca por Sri Krishna: a Realidade o Belo" à Sua Divina Graça Srila Sridhar Maharaj. Ele enfatizou o significado: "Neste mesmo dia, cinquenta anos atrás, nós (seus discípulos) apresentamos a publicação, Sri Krishna Chaitanya, a Srila Saraswati Thakur." Foi o livro que ele encomendou para iniciar sua invasão no fronte ocidental, dizendo: "Civilização ocidental: Esmaguem-na!"
Mostrei a Srila Guru Maharaj cada página, cada subtítulo, cada citação, lendo o que estava impresso. Quando chegamos à foto de Srila Bhaktisiddhanta Saraswati Thakur, li a nota aos pés da foto (composta pelo próprio Srila Sridhar Maharaj): "Ele declarou guerra totalitária contra Maya, contra a concepção errônea, incluindo todas as demais religiões." Quando Srila Sridhar Maharaj ouviu isto, ele ficou radiante: "Se não existisse outra descrição de meu Guru Maharaj além desta, mesmo assim ele estaria plenamente representado." A concepção revolucionária de Srila Saraswati Thakur era que "Kirtan significa uma luta: A concepção Krishna versus a concepção errônea de Maya." Ele dificilmente era um homem cujo credo pudesse ser resumido a que "Será que não podemos todos apenas nos dar relativamente bem?" ou, "Vamos encontrar as bases comuns e construir relacionamentos" (nikhila-bhuvana-maya-chinnavicchinna-karttri).
Lalit Prasad pediu que um de seus discípulos "Encontrasse uma base comum para construir relacionamentos" com os devotos da ISKCON. Antes de visitar o templo de Srila Prabhupada em Calcutá, para demonstrar aos devotos como cantar as canções de Bhaktivinod Thakur, ele procurou a permissão de seu guru. "Eu perguntei a meu preceptor (Lalit Prasad) se deveria entrar e dizer: ‘Se estiverem presentes pessoas jovens...'" Depois de sua apresentação ele iscou os devotos com a pergunta padrão dos sahajiyas em referência à linhagem diksha. Quando um dos "jovens" cometeu um erro grave ele riu, "Oh, ho! Eu não penso que seu gurudeva disse tudo a vocês."
Ele conseguiu pegar um par de devotos que se debatiam, aumentando suas dúvidas, balançando o fascinante mañjari bhava diante deles. Equivalente à pedofilia espiritual, os sahajiyas seduzem o sadhaka no estágio infantil (namera balai jata, saba lo’ye hoi hata) a que se aproxime prematuramente do domínio do eros espiritual ("Se estiverem presentes pessoas jovens.").
Srila Bhaktivinod Thakur deu uma interpretação alegórica da demônia Putana como representando o "falso guru" aquele que, em nome de oferecer néctar, envenena o bebê (igual aos assim-chamados rasika-Vaishnavas e rasa siksha). Quando Lalit Prasad começou a entregar os conceitos corrompidos de mañjari-bhava e siddha deha, Srila Swami Maharaj Prabhupada instruiu seus discípulos ingênuos que se "desconectassem e destruíssem seus cadernos de anotações. Ele, o "Tio Prabhupada" (Lalit Prasad) foi sem cerimônias apagado do panteão da ISKCON. Procurá-lo para ver seu álbum de fotos de Bhaktivinod mal valia o risco associado.
Por falar em manuscritos desaparecidos e brilhantes omissões, o que aconteceu com os "diários secretos de Bhaktivinod Thakur que serão publicados em breve" por Lalit Prasad? Aqueles diários que prometiam "revelar Saraswati Thakur como a reencarnação de Bishkasen, exigindo vingança contra o Thakur tendo retornado como seu filho para destruir a sampradaya?" Lembrem que Bishkasen foi uma "encarnação fajuta de Vishnu" que enganou os aldeões a oferecerem a ele suas filhas para "intercâmbio amoroso –rasa" no estilo dos Radha Kunda babajis (nija bhoga, rasa dagamaga maya). O bhava de Bhaktivinod Thakur, como Magistrado do Distrito, foi de processar e mandar prender. Contudo, outro discípulo de Srila Prabhupada, confundido pelas calúnias de Lalit Prasad a respeito de Srila Saraswati Thakur, comovidamente apresentou as mesmas a Srila Sridhar Maharaj. Surpreendentemente, ele respondeu com uma risada. Preparando-se para contar nos dedos, Srila Guru Maharaj perguntou, "E quais são as semelhanças entre eles? –Não há nenhuma."
Algo sem precedentes? Dificilmente. Madhvacharya tão profundamente dizimou a filosofia Mayavada e as legiões de Mayavadis, que o único recurso deles foi alterar secretamente um texto dos Puranas para deixá-lo com o sentido de que, "Madhvacharya é uma encarnação do demônio Madhu, que retornou para vingar sua morte pelas mãos de Krishna e destruir a sampradaya." (Plus ca change, plus c'est la meme chose" –quanto mais a coisa muda, mais continua a mesma").
Agora, o "veneno" é etiquetado como "néctar" para consumo dos desavisados, tendo como alvo o público devocional. Aqueles que fazem plágio dos Babajis de Radha Kunda e reembalam sua prakrta rasa venenosa com o selo de "Aprovado pela Gaudiya Math" comercializam sua doença infecciosa. Que a sociedade (discípulos) de Srila Prabhupada, o ramo internacional da árvore de Chaitanya (premamara-taroh), ficassem infectados com o equivalente espiritual à AIDS por alguém que carrega a bandeira de Srila Saraswati Thakur, acaba sendo uma imitação burlesca e é algo trágico. Assim como a boa associação proporciona imunidade da infecção, a má associação torna a pessoa imune à boa associação (krsna bhakti janma mula haya sadhu sangha).
Como os seios repletos do leite de Putana, os assim-chamados rasika Vaishnavas aparentam estar dotados de substância nectárea, mas alimentam com veneno aos bebês sadhakas –com rasa-katha poluída (sarpocchistam yatha payah). Putana parecia "muito afetuosa" (ati vama chestitam). A sabedoria popular da Bengal diz que, "muita devoção é sinal de ladrão" (ati bhakti chorer lakshan). Yashoda e Rohini consideraram que Putana rakshasi parecia ser muito amável e nem questionaram seus motivos. Do mesmo modo, igual a um tio pedófilo, que usa os nomes dos parentes para ganhar a confiança das crianças, eles invocam: Rupa, Raghunath, Narottam, Vishwanath, Bhaktivinod, "meu siksha guru Srila Swami Maharaj Prabhupada," pujyapada isto, pujyapada aquilo. Enquanto contemplam sua consideração final: se existem pessoas jovens.
A causa básica da existência material é a identidade equivocada. Quanto mais próximo da realidade, maior significado tem o sutil. Swarup Damodar censurou os trabalhos de Vaishnavas de pouca profundidade impedindo que chegassem aos ouvidos de Mahaprabhu. Gaura Kishor Das Babaji Maharaj podia tolerar o cheiro da latrina mas considerou intolerável o fedor da concepção equivocada. Ele oferece sua crítica: "Hoje em dia, vemos que em nome de ser um rasika Vaishnava, a pessoa escala uma torre (fama devocional) para o estarrecimento de todos, mas em seguida, diante da visão de todos e para seu espanto e desgosto, defeca dessa altura elevada." Contra o que ele está ralhando? Prakrta rasa: devoção falsificada, elevação pretensiosa. Por que isso perturba tanto aos devotos mais elevados? Para obtermos um vislumbre da mentalidade de um Vaishnava verdadeiro, parafraseamos o ditado: "Algumas pessoas consideram a consciência de Krishna como sendo uma questão de vida ou morte –mas é mais importante do que isso."
Contudo, tendo algum reconhecimento superficial das proibições e só tendo realizado serviço superficial aos fundamentos de um bhakti genérico, mergulham nas profundezas de prakrta rasa, usando Sanatan Siksha ou Prahlad Charit como um trampolim. Na verdade, deveríamos nos prostrar humildemente aos pés de lótus de Sri Guru e inquirirmos dele, vibrando o mantra supremo: "Como posso servir ao senhor?" (karisye vachanam tava, mahiyasam pada-rajo-'bhisekam, asam aho charana-renu-jusam aham syam).
Um discípulo de Srila Saraswati Thakur desejava discutir os detalhes de madhura rasa, Ujjvala Nilamani, etc. Srila Saraswati Thakur recusou. O homem reconheceu que ele entendia que estas coisas não devem ser discutidas publicamente, ou abertamente, e garantiu que a discussão seria sigilosa e realizada na mais alta confidencialidade. Srila Saraswati Thakur recusou. Frustrado, ele saiu da Gaudiya Math e se juntou ao clube de mañjari bhava. Mais tarde, Srila Saraswati Thakur informou a seus discípulos: "Em sua vida real, aquele homem é uma mulher (mañjari swarupa) e, devido à sua conexão com Krishna, ela ficou grávida!"
kajjalena kata-kesha-kalima
bilva-yugma-rachitonnata-stani
pasya gauri kirati drg-añchalam
smerayaty aghaharam jaraty asau
Neste particular, neste sloka cômico do Bhakti Rasamrta Sindhu de Rupa Goswami, Radharani é sarcasticamente alertada quanto a uma possível concorrente: "Cuidado com ela! Aquela senhora velha pensa que, tingindo seu cabelo, usando batom e maquiagem e enfiando frutas de "bael" em seu bustiê, isso lhe dará a oportunidade de atrair a Krishna." De modo similar, o sahajiya aspirante calcula equivocadamente, que reordenando a matéria (prakrti) de alguma forma revelará e aumentará seu swarup, tornando-o atraente a Krishna (bhumir apo 'nalo vayuh kham mano buddhir eva ca ahankara). O resultado final: uma caricatura.
Numa das treze variedades de Sahajiyaismo, Bhaktivinod Thakur identificou os Sakhi Bekhi, homens adultos vestidos como meninas adolescentes (sakhis). Não como as meninas no shoping center — mas como Gopis. É mañjari bhava ou Mañjari Bob? Como Srila Prabhupada diria, "Essas coisas estão acontecendo". Mas Madan Mohan (Krishna, aquele cuja beleza desconcerta Cupido), não é provocado por seios de carne e sangue (nari stana bharana nabhi desam, vaikunthera prthivyadi sakala chinamaya). A beleza sedutora de milhões de cupidos não pode competir com Shobhan Krishna (kandarpa koti kamaniya visesa shobham). Aqueles que são incitados pelo mundano (ou seja, nós) não temos nada que ficar contemplando os passatempos de Krishna com as Vraja Gopis.
É por isso que o progresso espiritual exige uma honestidade brutal consigo mesmo (atma samiksha, adhikara, sve sve'dhikare).Sambandha jñana também significa ver as coisas em perspectiva. Srila Govinda Maharaj disse certa vez que: "Primeiro realize que somos vermes num balde de excremento, depois prossiga (purisera kita haite)." O auto-engano é fatal e a sinceridade é invencível (na hy kalyana krt kascid durgatim tata gacchati). No Chaitanya Shikshamrtam, Srila Bhaktivinod Thakur aconselha aqueles que não estão liberados a confinar os seus estudos aos passatempos infantis de Krishna: a matança dos demônios, Putana, Kaliya, etc. e tal., Brahma vimohan, levantar Govardhan, etc. (pré-Rasa Lila). Dessa posição segura, eles desenvolverão rati (krsnasya arbhakam, govinde labhate ratim). Se alguém se sente isento de seguir esse seu conselho e persegue bhavollasa rati, mañjari bhava, etc., isso é lá com ele. Mas se pretende fazê-lo invocando o nome de Srila Sridhar Maharaj, cairemos em cima deles como um swarup barato.
Srila Govinda Maharaj disse: "Todos sabem que Srila Guru Maharaj é um homem de Rupa Goswami, então por que ele está sempre tomando o nome de Nityananda Prabhu? 'Dayal Nitai, Dayal Nitai, Dayal Nitai!'" Derrame água na raiz e o fruto virá (heno nitai bine bhai radha krsna paite nai). Incidentalmente, Srila Sridhar Maharaj humildemente se considerava entre os "não liberados", enquanto contemplava onde passaria seus últimos dias neste mundo (Vrindavan, Puri, Nabadwip). Por fim, com um sentimento de humildade profunda, ele caiu aos pés de Nityananda Prabhu na cidade de Eka Chakra, buscando admissão em Nabadwip Dham. No local onde todos os ofensores são perdoados de suas ofensas (aparadha bhanjanera patha), ele estabeleceu o Sri Chaitanya Saraswat Math.
Nós não deveríamos tentar espremer rasa do Santo Nome, da Beleza, das Qualidades ou dos Passatempos de Krishna (atah sri-krsna-namadi, na bhaved grahyam indriyaih). Os seguidores de Sri Rupa aspiram pelo serviço, sem esperar nada em troca. Serviço significa sem remuneração (na sa bhrtyah sa vai vanik, ‘dasa' kori' vetana more deho prema-dhana). Segundo Srila Sridhar Maharaj, os devotos verdadeiros reinvestem seus "juros" acumulados (prema dhana) para aumentar seu "capital de serviço" (prema dhana). Por outro lado, amaldiçoam o êxtase porque os incapacita para o serviço (testemunhe a descrição que Rupa faz de Radharani e Daruka).Parshad bhaktas exaltados até chegam aos extremos de enganar as pessoas para que elas não pensem que eles têm devoção. O exemplo final disso foram os espelhos e a fumaça do narguilé de Pundarika Vidyanidhi. Mas a sua fraude servia para dissimular seu Krishna-prema, que era de fato tão profundo como um oceano (Premanidhi). Depois de tudo, não existe fama maior (‘krsna-bhakta baliya yanhara haya khyati').
Sendo levado num palanquim dourado todo com espelhos laterais para monitorar sua própria beleza, ele se divertia fumando um hookah enquanto entrava em Nabadwip Dham! Até mesmo Gadadhar Pandit se equivocou pensando que se tratava de um materialista. Quando o palanquim parou, Mukunda Datta começou a cantar, "aho baki yam stana-kala-kutam jighamsayapayayad apy asadhvi." A mera lembrança dos "passatempos infantis de Krishna" fez brotar nele o mais doce Krishna prema, e Pundarika caiu do palanquim em êxtase, lamentando, "Quem é mais misericordioso e protetor que Krishna! (kam va dayalum saranam vrajema). A demônia Putana tentou matar Krishna e foi liberada. Com inimigos como Ele quem precisa de amigos!" Reconhecer a devoção não é uma brincadeira de criança, a menos, é claro, que essa criança seja Krishna.
Srila Saraswati Thakur rejeitou os Babajis dos dias modernos, mesmo aqueles de comportamento estrito e caráter impecável, enquanto reverenciou Bamshidas Babaji Maharaj, que fumava tabaco, oferecia chá a seu amado Gaura Nitai (vatsalya rasa) e espalhava escamas de peixes à sua volta para confundir os buscadores espiritualistas superficiais. Srila Saraswati Thakur concluiu o Braja Mandal Parikrama (peregrinação por toda a região de Vrindavan) batendo com as palmas de suas mãos na testa e dizendo: "Eu sou tão desafortunado, pois não pude encontrar um único Vaishnava!" Os devotos então lhe apresentaram o nome de um assim chamado siddha mahatma, "Mas e o Ramdas Babaji?" Rejeitado. "Ele é um kanistha adhikari (da classe mais baixa)." Isso deixou os discípulos perplexos, inclusive Srila Sridhar Maharaj, quem nessa ocasião fez algumas observações pessoais.
Os assim chamados "estados estáticos" de Ramdas Babaji com grande facilidade eram seguidos por uma conduta ordinária e externa. Segundo Vrindavan Das Thakur, Mahaprabhu às vezes permanecia num transe por nove horas. Kaviraja Goswami descreve a transição tão gradual da consciência externa para a consciência semi-externa para a consciência interna (tina-dasaya mahaprabhu rahena sarva-kala, ‘antar-dasha', ‘bahya-dasha', ‘ardha-bahya' ara). Por fim, ele descreve Mahaprabhu submerso nas profundezas de Radha Bhava, vinte e quatro horas ao dia pelos últimos doze anos de Sua vida.
Srila Guru Maharaj também observou a inabilidade de Ramdas Babaji de tolerar a glorificação de outro Vaishnava (abhiman, matsarya). Ele nos informa que podemos com facilidade dominar aparentemente a inveja por Krishna, mas o verdadeiro teste será no quanto apreciamos Seus devotos e os devotos de Seus devotos (mad bhaktanam ca ye bhaktas te me bhaktatamah matah).
Srila Sridhar Maharaj concluiu dizendo que: "Por suas práticas, o canto de 300.000 nomes diariamente (tin lakha nama), o estudo de Goswami grantha (literatura), e vaishnava sadachara (comportamento) estrito, Ramdas Babaji estava tentando ascender àquele plano superior: ao plano de onde descendeu meu Guru Maharaj para distribuir prema dhana." Que ele "não conseguira encontrar um único Vaishnava" significa do tipo com os quais ele estava familiarizado: nitya siddha parshad bhaktas, os associados eternamente liberados de Krishna e de Mahaprabhu (gaurangera sange jane nitya siddha kori mane).
Srila Saraswati Thakur lançou certa vez o equivalente conceitual a uma bomba atômica sobre seus discípulos, com a seguinte declaração: "Vrindavan é para pensadores superficiais, homens ocos. Um homem de verdadeiro bhajan prefere ir a Kurukshetra." Eles ficaram chocados. Mais uma vez, ele exigia que re-concebessem o Infinito.
Srila Sridhar Maharaj explica: "O serviço atrai remuneração segundo a intensidade de sua necessidade." Bhaktivinod Thakur, o saragrahiVaishnava, estabeleceu que a necessidade de serviço de Srimati Radharani de seu séquito atinge o clímax em Kurukshetra. Depois de cem anos de separação intolerável, Krishna está finalmente diante dela, mas eles não são capazes de se associarem do modo desejado. O coração dela se parte ao ver seu amor da infância vestido como um rei numa atmosfera sem o Yamuna e Govardhan. Ela anseia que Ele abandone essa barulhenta lokaranya Dwaraka e suas regalias reais, e retorne, em gopa vesh (nas vestes de pastor) com Sua canção da flauta, para as margens do Yamuna em Vrindavan (vrindaranya, gayatri-muralistha-kirtana-dhanam radha-padam dhimahi).
Ao se revelar como um residente eterno de Nabadwip, Bhaktivinod Thakur expressa a gaura-lila correlata: "Quando chegará o dia em que Nimai Pandit abandonará as vestes da renúncia e novamente virá para juntar-se a nós em kirtan na casa de Srivas?" Ele conclui dizendo: "Se eu puder render serviço a Ela naquele plano, nesse momento, não será mais o caso de jamais ter de retornar aqui." Devido à gratidão para com o seu grupo de servas, Srimati Radharani retribui dando-lhes sua própria riqueza –mahabhava. Srila Sridhar Maharaj disse: "Logo que a pessoa obtém um gosto dessa substância divina, todos os demais rasas perdem o sabor."
Qual é a natureza inconcebível desta substância nectárea, se apenas uma gota é capaz de afogar o mundo inteiro (eka-bindu jagat dubaya)? A própria opinião de Radharani, como foi expressa no Bhagavatam, é que uma gota da coisa verdadeira é mais do que suficiente (piyusa-viprut-sakrt). Quando é dito que esta substância divina é algo que Brahma, Shiva, Sukadev e até mesmo Uddhava aspiram obter, isso não deve ser considerado sem importância nem já concedido. Gopa Kumar não salta de prapancha, a Terra, para vaikuntha, o Céu (upajiya bade lata ‘brahmanda' bhedi' yaya, ‘viraja', ‘brahma-loka' bhedi' ‘para-vyoma' paya). Por que Srila Sanatan Goswami Prabhu, o sambandha-jñana acharya, utiliza o meio de sakhya rasa para revelar a verdade mais elevada? O caminho é trilhado muito cuidadosa e fielmente, sob a estrita orientação do Guru-Vaishnava (adau sraddha tatah sadhu sangah, durgam pathas tat kavayo vadanti).
Alguns ficam exasperados diante da aparente contradição na postura dos Saraswatas (seguidores de Bhaktisiddhanta Saraswati) e advogam pelo uso da razão e do bom senso: "Todos vocês perderam a razão? Vocês estão dizendo: primeiro cure a doença (hrd rogam), depois tome o remédio! (rasa katha)." Soa algo plausível. Srila Govinda Maharaj diz: "Sim, é a cura, sem dúvidas, mas igual que no remédio homeopático, primeiro precisa ser estabelecido qual é o seu remédio, então, qual a potência e a dose. É também muito crítico identificar-se o quando: em que momento esse remédio dessa potência e com qual dosagem deverá ser ministrado." É por isso que ele se senta ao lado de Srila Sridhar Maharaj (rupanuga dhara) como o Acharya do Sri Chaitanya Saraswat Math.
E mais ainda, a separação (viraha) foi comparada ao sofrimento causado pelos efeitos de uma picada de cobra, para a qual o antídoto é o próprio veneno. Sem os verdadeiros sentimentos de separação de Krishna, tomar o antídoto, rasa katha, causará um desastre (vinasyaty acharan maudhyad, yatharudro 'bdhi-jam visam).
Segundo Srila Govinda Maharaj, a maioria das canções de Narottam Das Thakur estão destinadas às almas liberadas; as outras constituem o Gaudiya Vaishnava gitavali (cânone dos hinos). As canções de Bhaktivinod Thakur são o inverso: são principalmente para as almas não liberadas, em número menor no plano siddha (siddha deha, sakhis, mañjaris, etc.). Narottam canta: "Golokera prema-dhana, hari-nama sankirtana, rati na janmilo kene taya, a riqueza inconcebível do Krishna prema, (a propriedade inestimável nos corações dos Gopas, Gopis, etc.) descendeu de Goloka, Vrindavan, através do harinam sankirtan de Mahaprabhu, mas por que eu sou tão desafortunado de não ter interesse, de não ser profundamente atraído (rati na)?" Kaviraja Goswami diz que isso é tão elevado e Divino que ele pode apenas indicar a direção. Narottam não possui rati. Prabhodananda não foi tocado por uma gota de gaura-rasa. Mahaprabhu não obteve nem o cheiro da fragrância do Krishna prema. A devoção é medida pelo inverso. Contudo, os ostentosos clamam que podem nadar nela. Penso que podemos sim reconhecer a substância de que estão repletos.
Um homem cantava com sua doce melodiosidade e estilo uma das canções de Narottam Thakur e Bamshidas Babaji Maharaj lamentava: "Se você tivesse algum sentimento por aquilo que Narottam está expressando, seu coração quebraria, e você seria incapaz de cantar uma palavra!" Em seu êxtase (radha bhava dyuti suvalitam), Mahaprabhu não conseguia pronunciar o nome de Jagannath uma única vez (‘jaja gaga' ‘jaja gaga'—gadgada-vacana). Mas nós nos tornaremos lakh-patis, felizes de contarmos nosso caminho de volta ao Supremo.
Quando Srila Saraswati Thakur foi informado por Srila Sridhar Maharaj que um de seus discípulos ficava solitário cantando sessenta e quatro rondas (um lakh, 100.000 nomes) ele escreveu em resposta: "Se você puder ocupá-lo em serviço, você será seu verdadeiro amigo. A mala não deve jejuar (mallika upabash na), deve receber algum alimento. Mas eu não aceito que ficar contando nas contas em reclusão seja krsnanusilanam (favorável para a cultura da consciência de Krishna)." Ele se referiu a esse assim-chamado Krishna-nama como "contar nas contas."
O que é o Krishna-nama chintamani substancial (chetana rasa vigraha, akhila rasera khani)? Quando Mahaprabhu foi trazido de volta de sua inconcebível transformação de êxtase e do transe subsequente pelo Krishna-nama de Swarup Damodar e associados, ele reclamou, "Eu estava naquele plano mais elevado e todos vocês fizeram algum barulho e me trouxeram para cá (tumi-saba kolahala kaila)." O Krishna-nama de Swarup Damodar e dos parshad bhaktas de Mahaprabhu era "barulho" comparado à beleza e doçura do plano que Ele penetrara. Mas a consciência de Krishna é infinita e dinâmica. Srila Sridhar Maharaj ofereceu uma explicação alternativa, "O poder do Krishna-nama é tal que recebeu preferência à participação direta no lila!"
A consciência de Krishna é o Impossível do Impossível. O Infinito é capturado pelo finito. Srila Sridhar Maharaj nos lembra: "Qual o preço que devemos estar prontos a pagar por isso?" Chandi Das disse que o verdadeiro sahaj, raga bhakti, pode capturar um elefante com uma teia de aranha. Na poesia de Srila Sridhar Maharaj, ele revela: "As qualidades resplendorosas de Gaura Kishor Babaji, como foram contadas por seu servo devoto, Saraswati Thakur, o mais querido de Bhaktivinod (kamalapriyanayanam), criam uma teia que é tão gloriosa que captura Krishna (guna mañjari garima guna hari vasana vayanam).
Em oposição à corrente da devoção (dasanudas, seva), a comercialização da devoção resulta na amplificação do desejo –Síndrome do Grande Gole. Isso não deve ser confundido com "desejo ardente espiritual" (lalasa, laulyam). Queremos devorar Krishna como uma bolinha doce. Obter em troca algo que valha o dinheiro que pagamos. Receber à vista. Esta equação afirma que, "Aqueles que têm sido devotos por X anos merecem ‘Y' em troca (algo)." Dito de outra forma e com furor: "Queremos algum rasa e o queremos— JÁ!" Onde é que ouvimos tal tipo de raciocínio? Ora, da boca da mãe de Kamsa (Brhad Bhagavatamrta).
Ela ofereceu-se a recompensar generosamente os Vraja-janas (habitantes de Vrindavan) pela ausência de Krishna (que residia em Mathura), levando em consideração "o valor de mercado dos anos de pastoreio das vacas (Govinda)," para não mencionar que, "Por todo seu sofrimento, eles sequer conseguiram comprar um par de sapatos para suas crianças! (Testemunhe a impressão de seus pés de lótus por toda Vrindavan.) Ele estava tão subnutrido que tinha que roubar laticínios (makhan chor), pelo que Ele foi sem piedade amarrado, igual a um ladrão comum (Damodar)." No Brhad Bhagavatamrta, tal contraponto irritadiço faz crescer o progresso de lila.
Trinta e cinco anos a mais na manifestação Ocidental do movimento da consciência de Krishna, e eu temo que tal conceito demente, "o que merecemos como recompensa," soe triste e profundamente ingrato.
Nem conseguiremos um vislumbre sequer do Centro do Infinito (aprakrta lila) através do estudo exaustivo das escrituras (vedesu durlabham adurlabham atma-bhaktau). A um dado momento na história, apenas algumas almas realizadas e exaltadas sequer capturam plenamente tal profundidade (vidantas te santah ksiti-virala-harah katipaye). Esse hemisfério superior do mundo espiritual é raramente alcançado por até mesmo os mais exaltados e queridos associados de Krishna e Radharani (yat presthair apy alam asulabham kim punar bhakti-bhajam).
Radha Kunda não é um lago no Estado de Uttar Pradesh, mas é o plano da total rendição e auto-sacrifício. A pessoa que se banha nas águas profundas de atma-nivedanam, sob a orientação estrita dos rupanugas, despertará no plano do serviço a Ela (tat premedam sakrd api sarah snatur aviskaroti). Desde que Nabadwip Dham é Vrindavan (madhurya), enriquecida com o elemento da distribuição magnânima (audarya), Mahaprabhu é Krishna, enriquecido com o Humor Supremo da Devoção de Radharani (radha bhava dyuti suvalitam). A riqueza inconcebível da consciência de Krishna (krsna-chetana, krsna prema) será alcançada no devido tempo, no serviço abnegado aos pés de lótus de Sri Guru e Gauranga (tatha tathotsarpati hrdy akasmad, radha-padambhoja-sudhambu-rasih).
S egundo Srila Sridhar Maharaj, Saraswati Thakur derramou cem galões de sangue para mostrar o que a madhura rasa não é. Por quê? Para deixar claro e sem equívocos o que ela é, desse modo tornando-a acessível (sithilita-vidhi-raga-radhya-radhesa-dhani). Sua essência está personificada no lema: pujala raga patha gaurava bhange, mattala sadhu jana vishaya range, "O caminho de raga marga sempre deverá ser mantido acima de nossas cabeças como adorável, enquanto nos ocupamos com todas as coisas que se relacionam com Seu serviço –pregando neste plano". Sugerir que ele renegou sua missão de vida por ter dito uma vez que os homens em sua missão depois de 20 anos deveriam ouvir algo em geral a respeito de asta kaliya lila, é ridículo e equivocado (vilasatu hrdi nityam bhaktisiddhanta-vani).
Para a Suprema Entidade Krishna, a brisa associada à roupa de Radharani é um tesouro inconcebível (yasyah kadapi vasananchala-khelanottha-dhanyatidhanya-pavanena krtarthamani). Ao realizar a importância de tais sentimentos –as inconcebíveis qualificações dela– Prabhodananda Saraswati (asta sakhi, Tunga Vidya) conclui que a direção em que Srimati Radharani apareceu é adorável e bem próxima (tasyah namo 'stu vrsabhanu bhuvodise 'pi). A devoção é medida pelo inverso: na negatividade (hari pada nakha koti prstha paryanta sima, sthita-dhuli-sadrsam vichintaya). Uma presença atômica naquele plano, sob a proteção dos pés de lótus do asraya vigraha, é mais do que alguém possa sonhar.
Quanto à corrente oposta (bahiranga sakti), àqueles que desejam se arrojar e estabelecer a si mesmos (pratistha) à força, iniciando outros em seu campo da concepção errônea (ku-siddhanta), oferecemos nossos respeitos desde o mais longe que for possível (dandavat durato, bhakativinod)